A COERÊNCIA NOS DISCURSOS DE CARLOS RÊGO E ZÉ NILO - ITAPETIM 2000

Publicado pelo Jornal Gazeta do Pajeú, em janeiro de 2000

Naquele ano de 2000, quando Carlos Rêgo falou em praça pública, como candidato a prefeito de Itapetim, ele iniciou seu discurso com a seguinte saudação:

"Comunidades Rurais responsáveis pela minha candidatura, políticos responsáveis pela consolidação da minha vitória ...."

E dando prosseguimento ao seu discurso:

"Eu comecei aqui há 1 ano e meio ouvindo as Comunidades Rurais, eu trouxe uma proposta de gestão participativa ...."

 Dentre os oradores inscritos para falar no palanque, ele deu ao Sr. José Nilo a primasia de abrir o seu comício.

Nada mais justo do que ouvir, em primeiro lugar, aquele representante de todas as Comunidades Rurais do Município, já que ele representava àquela sociedade organizada a qual exigiu dos políticos o reconhecimento da viabilidade da sua candidatura, pois antes mesmo dos apoios políticos que Carlos recebeu, essas comunidades já o haviam escolhido como futuro prefeito.

Os políticos não disseram, mas agiram com essa consciência, no sentido de que, àquela altura, seria quase  impossível não homologar uma candidatura respaldada por uma sociedade organizada que descobrira o caminho a percorrer.

Comunidades representadas por homens semianalfabetos, porém de inteligência comprovada,  de caráter indiscutível. Homens que ajudaram a construir a essência do "Programa de Governo Mudar para Reconstruir" que depois de formalizado, passado para o papel, obedecendo uma metodologia de planejamento para ações governamentais, distribuído pelo candidato Carlos Rêgo, leram tropeçando nas letras sem jamais tropeçar no seu conteúdo, porque nele estava contido a sua própria proposta para o governo da mudança.

Por isso o candidato Carlos Rêgo fechou o seu discurso naquela noite memorável, prestando uma homenagem a todos aquele representantes das comunidades rurais organizadas, incluindo-me naquela homenagem, pelo fato de eu ter convivido com aqueles cidadãos, descobrindo junto com eles de que forma poderíamos construir um novo projeto para resgatar o papel do homem do campo na economia do município, cuja participação havia sido significativa em outras administrações.

O que eu realizei, em conjunto com aqueles cidadãos foi simplesmente, um projeto político pedagógico, onde o meu papel era de uma ouvinte atenta às suas necessidades. Por eu ter passado por muitos bancos escolares (oportunidade que eles não tiveram), eu me sentia apta para transformar aquelas demandas em um plano de governo e, posteriormente, em orçamentos públicos. Com aquela gente nós tratamos de Políticas Públicas com "P" maiúsculo, e não de política partidária.

Entre eles não havia guerra pelo poder, havia pureza de homens simples, porém, jamais resignados. Apesar de tantas dificuldades e de tantas promessas vãs, ainda vislumbravam um futuro promissor. Homens de fé inabalável, que não culpavam Deus pelos seus problemas, e nem como único responsável pelos seus destinos, de pouca escolaridade, mas de muita sabedoria. Com eles aprendi mais do que ensinei, neles encontrei a sinceridade, a lealdade, a verdade, que, salvo raríssimas excessões, podemos encontar na classe política. Por outro lado, se resolveram dar a Carlos Rêgo, como político, um voto de confiança, certamente encontraram reciprocidade, comunhão de idéias e desejo de realizá-las.

E tenho certeza, se eleito tivesse sido, jamais os teria decepcionado.

Disse Carlos Rêgo naquele discurso:

"Eu queria prestar uma homenagem de público à minha mulher que junto comigo, há 1 ano e meio, nos deslocamos da Cidade do Recife para a nossa cidade natal, com o propósito de tentar mudar a situação de Itapetim. E vínhamos todos os finais de semana, e aos sábados visítavamos as Comunidades Rurais Organizadas. Começamos por Piedade, com Seu Moisés de Lucas e, depois, estendemos nossos contatos com todas as outras dos seus respectivos Sítios:

Gameleira - Zé Nilo

Cacimba Salgada - Pedro Honorato

Ambó - Dona Edite

Recanto - Josué

Cacimba Salgada - Tadeu Bezerra

Prazeres - Zé de Liinha

Gunça - Reginaldo

Riacho Verde - Valmir

Miguel - Edmundo

Araras - Alexandre

Santo Antônio de Lima - Aderson Juvino

São Vicente - Nêgo de Chicó

Santa Rita - Socorro

Isso foi o que viabillizou minha candidatura ..."

DISCURSO DE SEU ZÉ NILO -

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO RURAL DA GAMELEIRA: 

Senhores e Senhoras deste Município,

Dr. Carlos, eu estou vendo que as pessoas entenderam muito bem aquele trabalho que há 1 ano e meio foi iniciado nesta região.

Um trabalho sério, quando o Sr. dizia, não em cima de palanque, não dizia nem que seria candidato, mas dizia que estava com as comunidades, com as associações rurais, para resolver aqueles problemas que ninguém estava dando atenção.

Que nós lutávamos tanto, trabalhávamos tanto, e quando chegava no final, ninguém nos dava cobertura, niguém dava atenção ao nosso trabalho.

Um trabalho suado, cansativo, mas com esperança de que algum dos nossos representantes desse atenção ao nosso trabalho, mas passávamos os 4 anos nessas lutas e sempre terminávamos na estaca zero.

O senhor, Dr. Carlos, junto à sua esposa e junto à sua equipe, nos disse que iria resolver os nossos problemas, muitas vezes nos levou a Recife para nos mostrar os nossos direitos. E o senhor não interferia na nossa conversa com os Secretários de Estado, com o Presidente da CELPE, apenas nos mostrava o caminho, para que eles soubessem que nós éramos da Zona Rural e que a gente vivia aqui abandonados nesse município, dentro dessas serras de Itapetim.

Muito obrigado, Carlos Rêgo, eu espero que quando o senhor for eleito, junto com essa comitiva, junto com esses vereadores, com Leca e com todos esses que representam o PMDB, as coligações, o senhor vá de casa em casa, como o senhor sempre ia, e faça aquilo que nós necessitamos, aquilo que nós precisamos.

Lembre-se de que no dia que o senhor for eleito, nós ainda estamos lá abandonados, só não estávamos mais abandonados porque o senhor chegou, e agora nós temos esperança de que esse município cresça.

Eu espero, Dr. Carlos, que o senhor com a sua administração tão grande, porque para quem administrou o Porto do Recife, terá muita facilidade de administrar Itapetim.

O senhor veja a Área da Educação; da Saúde; dos Criadores; dos Pecuaristas; e veja, principalmente, àquela área triste, que é a Área da Agricultura, porque se antes nós tínhamos as nossas culturas, hoje é impossível. O agave, acabou; a mandica, acabou. Acabou-se tudo, e nós estamaos ao "Deus dará".

E ninguém estuda, ninguém quer saber, sequer, de ver o que daria certo para a nossa agricultura. Eu pediria, Dr. Carlos, que o senhor olhasse a Zona Rural também nesse sentido.

Essa nossa terra é rica em locais para se fazer reservatório de água, só que não constroem paredões para se prender a água, e cada chuva que passa por aqui a água se vai para o São Francisco e para o mar, e nós continuamos abandonados.

Eu não vou me demorar porque têm muitas pessoas para falar, mas quero pedir que o senhor faça pequenos açudes, veja a Saúde, a Educação, veja os comerciantes que também se acham derrubados, porque esta cidade está morta, este município parou.

Eu quero encerrar minhas palavras até e vamos até o dia 1º de outubro para que a gente mude tudo isso e tenha alguma vez na vida.

Nota:

Eu fiz uma fusão do discurso do candidato Carlos Rêgo com o do Senhor Zé Nilo, o que eu presenciei foi um piano tocado à quatro mãos, sem que uma só nota desafinasse. Que a fala de Seu Zé Nilo sirva de exemplo para a corência que deve existir entre os oradores de um palanque, cuja proposta de como fazer, o que fazer, para quem fazer, já havia sido largamente difundida em um programa de governo oficialmente registrado. Hoje, ouvindo calmamente o discurso de seu Zé Nilo, eu quero parabenizar todas as Associações por ele representadas. Vocês escolheram um grande homem para se fazer representados. Parabéns, seu Zé Nilo, muito obrigada, muito me orgulho de ter um conterrâneo da sua estirpe. Que Deus o ajude a encontrar um governante que lhe garanta usufruir de todos esses direitos que o senhor reivindicou ao Candidato Carlos Rêgo, não em benefício próprio, mas em benfício de sua comunidade.